Como viajar sem dinheiro em 7 dicas de quem fez na prática
Viajar sem dinheiro é uma arte que a gente aprende na prática, mas quero compartilhar nesse artigo algumas dicas do que aprendi nas minhas viagens e vida nômade.
Dei duas voltas na América do Sul, então aprendi muitos macetes, conheci ferramentas e desenvolvi habilidades que me ajudaram na missão de viajar sem grana! Alimentação, transporte, hospedagem, passeios…
Por isso, se a grana tá curta por aí, vem nessa que a tia vai mostrar como é possível fazer seu mochilão sabático gastando pouco (ou sem dinheiro mesmo).
7 dicas pra viajar sem dinheiro
Em 2015 dei minha primeira volta na América do Sul. Juntei grana e planejei tudo, mas foi só em 2019/2020, no meu segundo mochilão sabático, que aprendi realmente a viajar sem dinheiro. Afinal, eu não tinha dinheiro hahaha!
Antes de tudo, sempre divido os custos de uma viagem em quatro pontos principais, como comentei nesse Guia de Mochilão da América do Sul: alimentação, hospedagem, transporte e passeios.
Essas dicas são pra você viajar sem gastar nada (ou quase nada) nesses pontos principais.
- Comportamento de viagem
- Voluntariado
- Couchsurfing
- Camping Selvagem
- Reciclagem de alimento (mangueio, xepa)
- Carona
- Permuta
1 – O comportamento pra viajar sem grana
Antes de mais nada, é importante que você mude a chavinha pra mudar teu comportamento de viagem. Essa é a primeira dica, porque ela é a mais importante.
Pra viajar sem dinheiro evitando perrengue você precisa mudar antes mesmo de sair de viagem.
Mude teu comportamento de consumo, precisando menos de dinheiro no dia a dia. Desconstrua tua relação com o dinheiro e entenda que ele é apenas uma moeda de troca, mas não a única. Reflita sobre tuas necessidades. Desconstrua o conforto.
Sabe porquê isso é o mais importante? Porque, pra cumprir os próximos itens dessas dicas pra viajar sem dinheiro, vai ser preciso ter humildade, simplicidade, liberdade e coragem.
Conforme o texto você vai entender. Mesmo assim, recomendo que você assista a esse vídeo aí em cima, porque nele eu respondo quanto custa fazer um mochilão sem falar em números, abordando esse comportamento.
Mochilar, tirar um ano sabático ou viver como nômade é diferente de viajar como turista, justamente porque é diferente teu comportamento de viagem.
Outra coisa, é preciso entender que viajar sem dinheiro não é só sobre não ter grana, mas também sobre ser mais humano, sobre se conectar e sobre provar teus limites.
Além disso, não precisa ficar totalmente sem grana, já que existem várias formas de fazer dinheiro viajando, como eu mostrei nesse post aqui com 11 ideias inspiradas em viajantes reais (inclusive eu).
2 – Voluntariado pra não pagar hospedagem
Essa é uma das coisas que mais amo fazer. Ao mesmo tempo que aprendo novas habilidades, me conecto com pessoas novas, vivo uma imersão cultural e gero impacto no mundo, posso viajar sem gastar nada com hospedagem.
Mas como funciona o voluntariado? Em suma, você colabora com projetos ou propriedades (chamados de anfitriões) e em troca recebe acomodação e outros benefícios, tipo alimentação, aulas de idiomas, passeios…
Eu uso uma plataforma chamada Worldpackers pra encontrar anfitriões. Nela estão cadastrados mais de 8 mil projetos e propriedades em mais de 170 países. Só no Brasil são mais de mil!
Já voluntariei em 5 países diferentes, colaborando numa ONG pra cachorros, numa comunidade alternativa, num sítio de permacultura, numa granja orgânica, num centro holístico e em vários hostels.
Pra você ter ideia da economia que é voluntariar na viagem, em Cusco vivi por 3 meses e, caso tivesse pagado pelas noites de hospedagem, teria gastado quase R$2 mil.
Voluntariar te permite passar mais tempo em um lugar, se conectando com ele e com as pessoas de lá. Além disso, você faz amizades com outros viajantes e aprende muita coisa (foi como aprendi esses macetes todos). Aprende a fazer coisas novas, como contei nesse vídeo, aprendi a fazer chocolate artesanal! Você pode conhecer realidades diferentes. Nossa, eu amo e defendo o voluntariado.
A Worldpackers não é grátis, mas vale a pena! O valor é de $39 com o cupom de desconto pros meus leitores UMASULAMERICANA. Em média, um hostel custa $10 no Brasil, ou seja, a anuidade da plataforma equivale a apenas 4 noites em um hostel.
Veja aqui como usar o cupom de desconto!
3 – Couchsurfing pra não gastar com acomodação
Outra plataforma colaborativa que tem como objetivo a conexão sem precisar gastar com hospedagem é o Couchsurfing.
Funciona assim: uma pessoa comum disponibiliza a casa pra receber viajantes sem cobrar nada. O viajante entra no site e busca pela cidade aonde quer ir e solicita ao dono da casa, contando mais sobre si, sobre a viagem, qual a intenção de ser recebido, quais as datas e tudo mais.
Não existe dinheiro envolvido no Couchsurfing e a ideia não é apenas não gastar nada na viagem, mas sim ser recebido por alguém local, viver uma imersão cultural e se conectar com essa pessoa.
Sou meio bicho-do-mato quando o assunto é “casa dos outros”, então não costumo fazer muito, mas já fui recebida no Brasil, Argentina, Chile, Peru e Equador.
A plataforma era gratuita até a pandemia, mas agora tem um custo de R$9,50 mensais ou R$47 por ano, ou seja, o equivalente a uma única diária em hostel no Brasil.
Durante sua estadia na casa do anfitrião do Couchsurfing vocês podem cozinhar juntos, praticar algum idioma, trocar conhecimentos, curtir uma festa… Não entre na plataforma só pra viajar sem dinheiro. Essa é apenas uma vantagem de ser recebido na casa de alguém!
Logo vou fazer um post apenas falando do Couchsurfing. Não deixe de seguir o blog nas redes sociais pra saber mais!
4 – Camping selvagem pra não pagar pra dormir
Camping selvagem significa acampar onde não existe área própria pra isso, tipo uma praia, um posto de gasolina, no meio do mato…
Por não ser área de camping, logo, você não paga nada pra montar tua barraca.
Fazer camping selvagem requer uma certa estratégia, afinal, você precisa pensar em tudo pra estar protegido e ter acesso à água.
Por exemplo: não monte barraca tão próximo de rios e cachoeiras, porque pode dar uma bela cabeça d’água e te arrastar com barraca e tudo. Mas estar nas proximidades de rios te dá acesso à água doce pra beber, tomar banho e cozinhar.
Essas estratégias você vai aprender na prática, viu? Viajar sem dinheiro é uma arte, como eu falei!
Uma dica que pode ajudar, é usar o aplicativo iOverland, que conheci através de um amigo no Equador, quando viajamos juntos de carona e precisávamos encontrar bons lugares pra armar as barracas pra dormir entre os trajetos.
O aplicativo usa sua geolocalização pra indicar locais próximos cadastrados por outros viajantes. Por exemplo, nós estávamos em Puyo e vimos que havia um posto de gasolina nas proximidades que permitia o camping, oferecendo banheiro e wifi. Olha que massa!
5 – Reciclagem de alimentos (xepa ou mangueio)
Uma prática comum entre a galera que viaja sem grana é a reciclagem de alimento – termo que aprendi com argentinos pra xepa ou mangueio.
Como funciona? Você procura um local que vende comida e aparece no horário que tão pra dispensar ou fechar o estabelecimento e pede alimentos que sobraram ou que já não estão tão bons pra vender.
Pode parecer mendigagem? Sim, por isso a dica numero um é tão importante! Precisa se descontruir pra pedir comida, certo? Mas depois se torna tão obvia essa prática que você acaba levando pra vida, como eu faço às vezes, mesmo não estando sem grana.
Onde e como manguear alimento?
Em hortifruts a reposição de alimentos costuma acontecer pela manhã. Antes das 8h chegue no local e pergunte quando eles descartam alimentos que não estão bons pra vender. Muitos lugares já deixam separado!
Em restaurantes que servem almoço, perto das 15h eles costumam fechar e dispensar alguns alimentos que não podem ser servidos no dia seguinte. Ou seja, você pode aparecer por lá nesse horário e perguntar se rola uma quentinha com o que vão jogar fora.
Enfim, é muito de boa fazer isso! Até pizza eu comi mangueando em Cuenca, no Equador.
Por exemplo, um amigo meu vivia de pãezinhos que uma padaria dispensava. Ele não tinha nada, nenhum dólar, e não passou fome!
6 – Pegar Carona pra não pagar por transporte
Não tem como falar em viajar sem dinheiro sem falar de carona, né? E eu, definitivamente, AMO caronar! Junto com o voluntariado, são as coisas que mais amo fazer como viajante/nômade.
Caronar também é pedir, mas dessa vez pra economizar no transporte.
Dessa maneira, existem três maneiras de pegar carona e duas delas são grátis! Uma é via aplicativo de carona colaborativa, uma é com carro parado e outra é com carro em movimento, a que eu mais gosto.
A carona dispensa apresentação, mas não dispensa dica, né? Aqui no blog tem um post recheado de dicas pra quem quer pegar carona.
Na Worldpackers Academy, a única escola pra viajantes do mundo, você pode ter acesso ao meu curso ‘Como viajar de carona’, dividido em seis aulas. Esse curso faz parte da trilha ‘Planejamento e economia de viagem’. Nessa trilha você tem acesso a vários cursos pra aprender a comprar passagem com milhas, a planejar mochilão, a como aprender idiomas (inclusive tem outro curso meu sobre espanhol nessa mesma trilha). Use o cupom UMASULAMERICANA pra ganhar $10 de desconto e pagar apenas $29.
Mas é seguro pegar carona?
Tô eu aqui, bem plena e viva te contado que caronar é o meu prazer da vida!
Além de não pagar nada pra se locomover, você pode se conectar com pessoas incríveis super fora da bolha de viajante!
Uma vez eu fui parar numa festa numa mansão depois de pegar carona com um californiano no Equador. Outra vez eu ajudei um cara a resgatar um cachorro na Patagônia argentina. No Chile, fui com uma família visitar o túmulo de um amigo que morreu. Enfim, vários rolês aleatórios e surpreendentes te esperam!
7 – Permuta pra viajar sem dinheiro
A última dica pra viajar sem dinheiro é fazer permuta! Em suma, a ideia é não usar dinheiro como moeda de troca, mas alguma habilidade ou força de trabalho.
Por exemplo, na Bolívia vi muitos argentinos ajudando as cholas nos mercados em troca de alimento. Eles carregavam os sacos e caixas e elas davam verduras, legumes, ovos e frutas pra eles.
Uma brasileira que conheci viaja sem pagar por hospedagem trocando diárias por fotos dos estabelecimentos. O mesmo fazia um brasileiro em troca do almoço da semana.
Eu já fiz muita permuta, especialmente com agências de passeios, que me levam pra conhecer os lugares e em troca eu escrevo um artigo contando como é o passeio com eles. Em Cusco, no Peru, eu não paguei por quase nenhum rolê. Além disso, conheci o Jalapão nesse esquema também!
E não precisa ter blog, não! Um amigo argentino ganhou passeios em Cusco em troca de prospectar clientes pra agência.
Um amigo brasileiro, por exemplo, ganhou a entrada pra Machu Picchu em troca de turnos a mais no hostel onde voluntariávamos.
Em conclusão, você pode permutar passeio, alimento, hospedagem e até transporte!
Vantagens de viajar sem dinheiro
Viu só como é possível viajar sem grana e vivendo muita imersão cultural, muita troca e aprendizado?
Como eu disse na dica um, viajar sem dinheiro é ir além de não ter grana! É se permitir descontruir a relação com o dinheiro, com o consumo.
Em suma, viajar sem grana te oferece gratidão, força, resistência, flexibilidade, humildade e coragem! Você quebra padrões, desmistifica estereótipos, perde a timidez, o medo, a dependência do sistema.
Seja como for, espero que essas dicas tenham te dado uma luz sobre viajar com pouca grana ou sem nada! Me conta nos comentários? Vou gostar de saber.
2 Comentários
Parabéns pelo texto, iniciativa e atitude de se jogar. Gostei muito e quero me desenvolver nessa habilidade de viagem. Fiz o percurso do uyuni à machu pichu, passando pelo Chile mas gastei muito e poderia ter imergido mais na cultura.
Seu site ficou lindo.
Valeu pelo comentário, Thales. Fico super feliz de saber que você gostou do post e do blog.
Você ainda vai se desenvolver muito como viajante, pode apostar!