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Viagem pelas ruinas das missões Jesuitas na América do Sul

Missões Jesuíticas na América do Sul: História e reflexões para o turismo

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As missões jesuíticas que ocorreram na América do Sul são hoje lugares históricos, reconhecidos como Patrimônios pela UNESCO, e que nos contam histórias de um passado colonial: a rotina de conversão dos povos indígenas ao cristianismo e sua integração na estrutura cultural dos europeus, organizadas pela Companhia de Jesus.

O sistema de missões jesuíticas teve início nas décadas iniciais do século 16, quando se fundou a Companhia de Jesus, em 1534. Mas foi no século 17 que essas missões se estabeleceram na América do Sul. Em 1610, se criou a primeira redução jesuíta de San Ignacio Guasu em território guarani no Paraguai.

O aldeamento de aculturação teve tanto êxito, que os missionários jesuítas fundaram muitas outras reduções até 1768. Os padres jesuítas fundaram 30 cidadelas igualitárias em território habitado pelo povo guarani e pelos chiquitos, hoje dividido entre Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil e Bolívia.

Em 2018 fiz um mochilão passando por parte da Rota Jesuíta e quero então compartilhar neste artigo do UMASULAMERICANA algumas informações e reflexões sobre as ruínas jesuítas que são importantes saber antes de viajar.

Caminho dos Jesuítas: onde estão localizadas as Ruínas Jesuitas Guaranis e Chiquitos

Mapa das Ruínas da Rota dos Jesuitas

O Caminho dos Jesuítas abriga 41 sítios declarados Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, tanto naturais como culturais, materiais e imateriais, 19 dos quais fazem parte do patrimônio jesuíta.

Estas ruínas das missões jesuíticas estão localizadas em territórios originalmente dos povos indígenas guarani e chiquito antes da chegada dos padres. Os guarani são um grupo indígena que habitava principalmente as áreas que hoje correspondem especialmente ao sul do Brasil, ao leste do Paraguai, ao nordeste da Argentina e ao Uruguai. Já no leste da Bolívia, estavam os chiquitanos.

Missões Jesuíticas Guaranis do Brasil

No território atualmente conhecido como Rio Grande do Sul, no Brasil, os jesuítas estabeleceram os “Sete Povos das Missões” entre os anos de 1682 e 1707.

A visita aos Sete Povos das Missões, inclui São Miguel das Missões, São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio.

Missões Jesuíticas Guaranis da Argentina

Conheça as missões jesuítas de San Ignacio Miní, entre Puerto Iguazú e Posadas, na Argentina!

A Argentina é um dos países com maior herança colonial jesuítica da América do Sul. Estão localizadas nas províncias de Córdoba, onde se encontram o Quarteirão Jesuíta e as Estâncias Jesuítas declaradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, e as províncias de Misiones e Corrientes, onde você pode visitar as ruínas das antigas reduções jesuítico-guaranis.

Também nas províncias de Salta e Tucumán há um histórico jesuítico, assim como as de Entre Ríos, Santa Fé, Mendoza e a Cidade Autônoma de Buenos Aires.

Leia sobre as ruínas de San Ignácio Mini

Missões Jesuíticas Guaranis do Paraguai

Missões Jesuítas do Paraguai - Jesús de Tavarangué

Em meio à natureza intocada da selva, a rota jesuíta no Paraguai atravessa os atuais departamentos de Misiones, Itapúa e Alto Paraná. Algumas destas construções possuem grande influência oriental

Veja aqui mais sobre as ruínas jesuiticas do Paraguai.

Missões Jesuíticas Guaranis do Uruguai

Missões Jesuíticas do Uruguai Nuestra Señora de los Desamparados

A história do Uruguai também está marcada pelas missões jesuíticas estabelecidas nos territórios guaranis durante a época da invasão colonial.

As principais fazendas assentamentos são: “Nuestra Señora de los Desamparados” na costa do Rio Santa Lucía, e a fazenda “Del Río de Las Vacas” ou “De Nuestra Señora de Belén”, hoje conhecida como “Calera de las Huérfanas”.

Missões Jesuíticas da Bolívia

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Enfim, os povos missionários das Reduções de Moxos (departamento de Beni) foram fundados pelos jesuítas do Vice-reinado do Peru. Já os de Chiquitos (no departamento de Santa Cruz) foram fundados por jesuítas das Reduções Paraguaias.

O que são as missões jesuítas e os assentamentos guaranis

Missões Jesuíticas do Paraguai - Jesús de Tavarangué

As missões jesuítas ou reduções jesuítas foram um tipo de assentamento na América do Sul para os povos indígenas Guaraní, Moxo e Chiquito. Elas foram estabelecidas pela Ordem Jesuíta no início do século 17 e terminaram então no século 18 com a proibição da ordem dos jesuítas em vários países europeus.

Nas terras invadidas na América do Sul, os impérios espanhol e português adotaram a estratégia de reunir as populações nativas em comunidades chamadas ‘reduções de indígenas’.

Como e porque surgiram as reduções das missões jesuíticas

As missões jesuítas ou reduções jesuítas foram um tipo de assentamento na América do Sul para os povos indígenas Guaraní, Moxo e Chiquito

Quando chegaram os jesuítas em terras indígenas, essas já pertenciam à coroa da Espanha havia mais de um século. Assim, os padres deram aos nativos duas opções forçadas:

  • 1 – Ou os nativos trabalhariam sob o sistema de encomiendas para proprietários de terras espanhóis, e em troca teriam salvação por meio do cristianismo, seriam educados em espanhol e teriam proteção contra os bandeirantes.
  • 2 – ou eles correriam o risco de caírem nas mãos de bandeirantes e outros grupos caçadores de escravos, também chamados de paulistas (por estarem baseados em São Paulo, que se dedicavam a capturar indígenas para serem vendidos como escravos.

Desse modo, a proteção condicional contra a escravidão foi um fator significativo que atraiu os nativos para as reduções cristãs. Foi assim que os padres jesuítas conseguiram convencer os indígenas a viverem nas reduções com os padres.

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Já a intenção dos Jesuitas era justamente enraizar o cristianismo e a cultura europeia na vida dos nativos. Assim, se criou pelas autoridades políticas e religiosas tais reduções como meio de controle e extermínio da cultura dos povos indígenas da região.

Os nativos estavam proibidos de falar seus idiomas e de professar a própria espiritualidade, que consideradas pagãs e endemonizadas. Além disso, existia a obrigatoriedade de usar roupas e se casarem no modelo monogâmico.

Enfim, as reduções jesuíticas se tornaram em grandes missões cristãs, que se expandiu com sucesso. Mais sucesso do que a coroa espanhola desejava.

Os assentamentos jesuítas se tornaram comunidades autônomas com os nativos

As reduções jesuítas foram assentamentos coloniais organizados por padres da Companhia de Jesus para doutrinar indigenas na fé cristã

Os jesuítas tentaram criar um “estado dentro de um estado”, no qual as populações nativas das reduções, orientadas pelos jesuítas, permaneceriam autônomas e isoladas dos colonos espanhóis e do domínio espanhol.

Sob a liderança tanto dos jesuítas quanto dos líderes nativos, as reduções alcançaram um alto grau de autonomia dentro do império colonial espanhol.

Através do uso da mão de obra nativa, as reduções se tornaram economicamente bem-sucedidas. Quando as invasões dos bandeirantes brasileiros, que eram traficantes de escravos, ameaçaram a existência das reduções, se estabeleceram milícias indígenas que lutaram, de forma eficaz.

No entanto, como resultado direto da Supressão da Companhia de Jesus, em vários países europeus, incluindo a Espanha, em 1767, os jesuítas foram expulsos das missões guaranis (e das Américas) por ordem do rei espanhol Carlos III.

Assim, terminou a era das reduções sul-americanas. Os motivos da expulsão estavam relacionados à conflitos políticos na Europa.

Legado cultural das missões jesuíticas na América do Sul

arte barroca guarani que surgiu do encontro entre indígenas e jesuítas em Paraquaria

As missões jesuíticas, apesar de terem sido uma das piores violências contra povos nativos na colonização, deixaram um legado cultural e arquitetônico significativo. É inegável sua influência no desenvolvimento artístico e musical que nasceu da convivência entre padres e nativos.

Na imagem, arte barroca guarani

Muitas construções das missões estão ainda de pé como ruínas que podem ser visitadas durante viagens na América do Sul, exibem uma arquitetura única que mescla elementos europeus e indígenas.

Veja aqui como criar um roteiro entre ruínas jesuíticas-guaranis e cataratas entre Brasil, Paraguai e Argentina

A arte dentro das missões inclui pinturas e esculturas que retratam a interação complexa entre as culturas dos colonizadores cristãos e as culturas nativas.

Além disso, a música desempenhou um papel fundamental nas missões jesuíticas. Com coros e instrumentos musicais, os padres transmitiam mensagens religiosas e ensinavam a fé cristã.

Ao serem tomados com Patrimônio pela UNESCO, estas ruínas garanham garantias de preservação.

Porque viajar pelo Caminho dos Jesuítas em um roteiro pela América do Sul

Missões Jesuítas de San Ignacio Miní, na Argentina

Existem vários roteiros para percorrer o caminho dos Jesuítas. Você deveria cogitar uma viagem por um deles. Não apenas por sua beleza e importância cultural, mas também como uma forma de compreender a história complexa da colonização na América do Sul e da interação entre culturas.

Além disso, resgatamos as memórias coloniais do nosso continente. Assim podemos entender os processos de construção das sociedades sul-americanas.

Enfim, podemos através de uma viagem pelas ruínas das missões jesuíticas, podemos destacar a cultura indígena que persiste nas regiões das missões, reconhecemos a resiliência das comunidades locais e sua contribuição contínua para a diversidade cultural.

Em 2018 fiz um roteiro passando por algumas das ruínas do Paraguai e Argentina, além de incluir as Cataratas do Iguaçu no roteiro. Veja aqui tudo sobre esse roteiro.

A preservação das ruínas jesuíticas e o apoio às culturas indígenas nas áreas circundantes não só enriquecem nossa compreensão do passado, mas também promovem uma abordagem de turismo consciente que respeita a história e as pessoas que habitam essas regiões hoje. É uma oportunidade para honrar o passado e promover um futuro mais consciente e decolonial.

Se precisar de ajuda para eleborar teu roteiro, veja aqui como funciona as consultorias através de videochamada!

10 Dicas pra uma viagem decolonial pelas ruínas das missões jesuítas

  1. Pesquisa Prévia: primeiramente, inclua no planejamento uma pesquisa a história das Missões Jesuítas e as culturas indígenas locais para entender o contexto.
  2. Conscientização Cultural: Esteja aberta a aprender sobre as crenças e tradições indígenas pré-coloniais.
  3. Guias Locais: Opte por guias locais, que podem fornecer perspectivas autênticas e informações menos coloniais.
  4. Respeito às Comunidades: Seja respeitoso com as comunidades locais, valorizando suas histórias e tradições.
  5. Evite Romanticização: Reconheça os aspectos negativos das Missões Jesuítas, como a coerção e a perda de cultura indígena.
  6. Participação Responsável: Apoie projetos locais que promovam a preservação da cultura indígena e a conscientização.
  7. Interação Cultural: Procure oportunidades de interagir com as comunidades e aprender com elas.
  8. Turismo de base comunitária: Leve em consideração negócios e estabelecimentos de pessoas locais, assim a renda do turismo se mantém na comunidade.
  9. Autoconscientização: Esteja ciente de seus próprios preconceitos e como eles podem afetar sua interpretação das ruínas.
  10. Compartilhamento Responsável: Enfim, compartilhe suas experiências nas redes sociais de forma responsável, afim a promover a compreensão da história colonial e a importância da descolonização.

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Missões Jesuíticas na América do Sul: História e reflexões para o turismo

Fontes: https://www.caminodelosjesuitas.com/, https://www.bbc.com/portuguese/geral-56941856, https://www.todamateria.com.br/os-sete-povos-das-missoes/

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