Medicina do Viajante: como funciona o programa gratuito do SUS
Se você é do tipo que ama colocar a mochila nas costas e se jogar pelo mundo (ou até mesmo dentro do Brasil), precisa conhecer um serviço essencial para manter a saúde em dia na estrada: a Medicina do Viajante.
Não importa se o seu destino é a Amazônia, os Andes, a África, a Ásia ou aquele vilarejo no interior do Brasil — algumas regiões exigem cuidados especiais com vacinas, prevenção de doenças e até remédios específicos. E é aí que entra o programa gratuito do Ministério da Saúde, o Medicina do Viajante.
Depois de 10 anos suleando, viajando a América do Sul, chegou a hora de cruzar o Atlântico e conhecer a África, então eu procurei o programa Medicina do Viajante e quero compartilhar com você o que é, como funciona, como usar e muito mais. Vem ver!
O que é a Medicina do Viajante?
A Medicina do Viajante é uma área da medicina especializada em orientar, prevenir e tratar doenças relacionadas a viagens. Oferecida pelo Sistema Unico de Saúde do Brasil, o SUS, ela existe para nos ajudar a viajar de forma mais segura, principalmente quando vamos para lugares onde existem riscos de doenças infecciosas que não circulam no nosso país ou que têm formas de transmissão diferentes daquelas a que estamos acostumadas.
O atendimento de Medicina do Viajante considera:
- O destino da viagem (país, região, área urbana ou rural)
- A época do ano (algumas doenças têm sazonalidade)
- A duração da estadia
- O tipo de viagem (turismo, trabalho, voluntariado, mochilão, expedição)
- As atividades que serão realizadas (trilhas, acampamentos, visitas a áreas de mata, etc.)
- As condições de saúde da viajante
- O histórico vacinal
Com todas essas informações em mãos, a profissional de saúde do SUS vai recomendar vacinas, medicamentos preventivos e orientações específicas para o seu caso.
Acesse o site oficial Saúde do Viajante
Por que fazer uma consulta de Medicina do Viajante?
Pode parecer exagero, mas basta uma única exposição a um mosquito infectado, uma água contaminada ou um alimento mal higienizado para comprometer toda a viagem — e em alguns casos, trazer consequências sérias para a saúde a longo prazo.
Algumas razões para buscar a Medicina do Viajante:
- Prevenir doenças graves, como febre amarela, malária, hepatites virais, dengue, febre tifoide, cólera, encefalite japonesa, entre outras.
- Cumprir exigências legais: alguns países exigem na entrada de viajantes a apresentação do certificado de vacinação contra febre amarela, como a Colômbia, a Bolívia e o Equador, por exemplo.
- Reduzir o risco de doenças alimentares e de transmissão fecal-oral.
- Receber recomendações específicas sobre proteção contra picadas de insetos, consumo seguro de alimentos e práticas de higiene.
- Saber o que fazer em casos de diarreia do viajante, insolação, acidentes com animais peçonhentos, etc.
Como funciona a consulta de Medicina do Viajante pelo SUS?
Eu não sabia que existia esse programa, até que uma amiga enfermeira nômade (enfermeiraviajante) me contou. Foi tudo muito fácil e rápido.
Agendamento
O ideal é agendar a consulta com pelo menos 4 a 6 meses de antecedência da data da viagem e, no mínimo, 3 semanas. Isso porque algumas vacinas levam tempo para fazer efeito, e outras podem precisar de mais de uma dose.
Essa consulta pode ser feita em:
- Centros de Orientação ao Viajante da Anvisa (normalmente em aeroportos internacionais)
- Alguns postos de saúde do SUS que oferecem atendimento de viajante
- Clínicas particulares especializadas em viagens e imunizações
Eu agendei por email. Demoraram 9 dias até responderem meu primeiro email e mais 7 para enviarem a data da consulta, que for agenda para 10 dias depois. Ou seja, do primeiro email até a data do atendimento presencial foram 26 dias.
Meio de agendamento no Emilio Ribas, em São Paulo, pelo email [email protected] ou pelo Whatsapp +551138961440.
Durante a consulta
Você será entrevistada sobre:
- Destino(s) da viagem
- Duração da estadia
- Tipo de hospedagem (hotel, camping, casa de moradores locais)
- Roteiros (grandes cidades, zonas rurais, florestas, áreas de risco sanitário)
- Atividades da viagem (trilhas, esportes, pesca, etc)
- Condições de saúde pessoais (doenças crônicas, alergias, imunidade, gravidez)
- Vacinas já tomadas
- Medicamentos de uso contínuo
Com base nessas informações, a profissional vai montar um plano de imunização e prevenção só para você.
Onde fazer a consulta e quanto custa o programa Medicina do Viajante?
Muita gente acha que esse tipo de atendimento é exclusivo de clínicas privadas, mas a Medicina do Viajante é oferecida de forma gratuita pelo SUS em diversas cidades brasileiras.
Você pode ser atendida em:
- Postos de saúde com serviço de imunização
- Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)
- Unidades da Vigilância Sanitária e da Anvisa (geralmente em aeroportos internacionais)
Nesses locais, você recebe orientações personalizadas e, caso necessário, já toma as vacinas ali mesmo, de forma gratuita. Se alguma vacina essencial para sua viagem não estiver disponível na rede pública, os profissionais do SUS fazem o encaminhamento e o pedido para que você consiga receber essa dose de forma correta — seja por meio de um CRIE ou com autorização especial para vacinação em clínicas conveniadas.
Ou seja: você não precisa gastar com isso. A maior parte das vacinas recomendadas para viajantes (como febre amarela, hepatite A e B, tétano, tríplice viral, entre outras) já está disponível gratuitamente no SUS. E mesmo aquelas que não fazem parte do calendário nacional podem ser indicadas e viabilizadas por meio do sistema público de saúde.
Locais de atendimento de Mecidina do Viajante
Para obter informações oficiais sobre os locais que oferecem atendimento de Medicina do Viajante no Brasil, você pode consultar os seguintes recursos do governo:
Centros de Apoio à Saúde do Viajante
O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista de Centros de Apoio à Saúde do Viajante, onde é possível receber orientações sobre cuidados de saúde relacionados a viagens e, se necessário, obter o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). Você pode acessar essa lista no portal oficial do governo:
👉 Centros de Apoio à Saúde do Viajante – Portal Gov.br
Postos da Anvisa em Portos, Aeroportos e Fronteiras
A Anvisa mantém postos de atendimento em diversos portos, aeroportos e pontos de fronteira pelo país. Esses postos oferecem serviços relacionados à saúde do viajante, incluindo a emissão do CIVP. A lista completa dos endereços e contatos desses postos está disponível no site da Anvisa:Serviços e Informações do Brasil+2Serviços e Informações do Brasil+2Serviços e Informações do Brasil+2
👉 Lista de postos da Anvisa em Portos, Aeroportos e Fronteiras
Recomenda-se entrar em contato com o posto mais próximo para verificar os serviços disponíveis, horários de atendimento e a necessidade de agendamento prévio.
Principais vacinas e medicamentos recomendados para viajar
Dependendo do destino, o médico do viajante faz recomendação de vacinas, que são aplicadas na hora por uma enfermeira. Dentre as recomendadas podem incluir:
- Febre amarela: obrigatória para vários países da América do Sul, África e Ásia. A vacina deve ser tomada pelo menos 10 dias antes da viagem para ser válida. Veja aqui como tomar a vacina e como tirar o certificado internacional.
- Hepatite A: importante para locais com condições sanitárias precárias.
- Hepatite B: especialmente se houver risco de contato com sangue ou fluidos corporais.
- Febre tifoide: recomendada para viajantes que vão a regiões com saneamento precário.
- Raiva: para quem vai fazer atividades de aventura, trabalhar com animais ou visitar áreas com risco elevado.
- Meningite meningocócica: exigida para peregrinos a Meca e recomendada em algumas partes da África.
- Encefalite japonesa: recomendada para estadias prolongadas em áreas rurais da Ásia.
- Gripe e COVID-19: vacinas recomendadas universalmente para proteção pessoal e coletiva.
Em alguns casos, também podem ser prescritos medicamentos para:
- Profilaxia de malária: em regiões endêmicas (África subsaariana, Amazônia, partes da Ásia e Oceania).
- Prevenção da diarreia do viajante: com kits de emergência e recomendações específicas.
Kit farmácia e primeiros socorros
Sempe viajo com um kit com medicamentos e itens de primeiros socorros e, durante a consulta com o programa Medicina do Viajante pelo SUS recebi orientações para adequar meu kit com as necessidades particulares da viagem.
Então, durante teu atendimento, a profissional irá te indicar o que é importante ter na mochila. No meu caso, dipirona, ondansetrona, floratil e repelente com hidrosteril, por exemplo.
Seguro Viagem
Uma das recomendações que a profissional da saúde me recomendou sempre ter é Seguro Viagem e me indicou alguns itens importantes para se ter na cobertura.
Dentre esses itens importantes, ela me recomendou contratar um seguro que tivesse serviço de call center 24 horas, transporte para o Brasil em caso de doenças ou acidentes e repatriação do corpo em caso de morte no exterior.
Mas recomendo, além disso. Aqui no blog já escrevi um texto sobre a importância do Seguro Viagem na América do Sul e quais coberturas são importantes.
Dicas extras para viajantes cuidadosas
Além da farmacinha particular, me orientaram de maneira geral.
- Cuide da hidratação: em viagens longas ou em locais muito quentes, a desidratação pode ser um problema sério.
- Evite alimentos crus: especialmente em locais onde a água pode ser contaminada.
- Use roupas apropriadas: para evitar picadas de insetos, prefira roupas de manga longa e de cor clara em áreas de risco.
- Mantenha o cartão de vacinação atualizado: não só para viajar, mas para a vida toda.
- Consulte fontes oficiais: os sites da Anvisa, da OMS e do Ministério da Saúde sempre trazem atualizações importantes sobre requisitos de saúde em viagens.
- Entenda o país de destino: consultar pelo site inglês Fit For Travel as condições especificas do lugar para onde vai viajar.
Considerações finais do Medicina do Viajante: viajar é liberdade, mas com responsabilidade
Viajar é expandir o mundo interno e externo. É viver o novo, se emocionar com culturas diferentes e construir memórias que vão durar para sempre. Mas toda essa liberdade vem com a responsabilidade de cuidar de si e das pessoas ao redor.
A Medicina do Viajante é uma aliada invisível que garante que você possa viver tudo isso com tranquilidade, sem surpresas desagradáveis no meio do caminho.
Por isso, quando começar a montar o roteiro da sua próxima viagem — seja para as florestas da América do Sul, para as praias do Sudeste Asiático ou para vilarejos escondidos na África — lembre-se: a consulta de Medicina do Viajante deve ser tão obrigatória quanto o passaporte.
Se cuide, se vacine, se proteja. O mundo é lindo demais para ser explorado com medo.
Boa viagem!
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