11 maiores erros do voluntário de viagem
Ser voluntário de viagem é uma das experiências mais interessantes que um viajante pode viver. Ele se insere numa realidade diferente, vive uma rotina nova e aprende muita coisa bacana. É uma ótima ferramenta pra quem quer viver o turismo consciente.
Mas, acima de tudo, é preciso estar ciente, disposto e desconstruído em vários aspectos antes de vivenciar o voluntariado de viagem, ou work exchange.
Nesse artigo da série de voluntariado vou compartilhar com você tudo o que é necessário e importante pra viver a experiência de ser voluntário de viagem, ou seja, como não errar na hora de voluntariar nos destinos por onde passar. Vem ver!
Os maiores erros que um voluntário de viagem comete
Esses erros que vou compartilhar podem até parecer um pouco óbvio, mas acredite em mim: muitos viajantes não sabem que tão errando.
Trabalho na Worldpackers criando conteúdo pro canal da empresa em português e espanhol, orientando voluntários e anfitriões sobre esse tipo de troca colaborativa.
Por isso, além de ver muita gente perdida no role, tenho muitas informações importantes pra compartilhar.
Então, pra não errar e viver a experiência de voluntariado mais maravilhosa de todas, aí vão as 11 coisas que você precisa evitar:
1 – Ter mentalidade de relação de trabalho
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Um dos maiores erros que o voluntário de viagem pode cometer é ver o voluntariado como um trabalho.
Essa mentalidade pode levar a vários tipos de atitudes que não são saudáveis e não condizem com a realidade.
O voluntariado é uma relação colaborativa, ou seja, é uma troca entre duas pessoas, que se ajudam mutuamente.
Não existe salário, contrato ou ponto de horas. Também não há hierarquia, chefe ou subordinado.
Em suma, você, como voluntário, não é empregado e não deve ser tratado como tal. Já o anfitrião, ou seja, a pessoa que te recebe, não é patrão e não deve ser tratado como tal.
Dessa forma, a relação entre anfitrião e voluntário deve ser horizontal, quer dizer, com igualdade.
Nessa relação existe respeito, amizade, empatia e colaboratividade.
Minha dica é que você pare de usar termos que possuem já uma certa carga, como a palavra ‘trabalho’, por exemplo.
Trabalho – colaboração, atividade, tarefa
Folga – dia livre, descanso
Obrigação – acordo
Recompensa/pagamento – benefícios
Primeiramente, esqueça tudo o que você conhece sobre trabalho e sobre trabalhar. Desconstrua esses conceitos e vai poder viver uma verdadeira relação colaborativa com o anfitrião.
Nesse vídeo acima que fiz pro trabalho na Worldpackers, a melhor plataforma de voluntariado que existe, abordo esse tema e vale a pena assistir pra atender melhor o que eu tô falando.
2 – Esquecer que existem outros projetos além de hostel
O que mais vejo é viajante se limitando a hostel na hora de voluntariar na viagem, especialmente os que fazem voluntariado de maneira independente.
A maior parte dos anfitriões são sim hostels, justamente porque são nesses lugares que a gente costuma se hospedar no mochilão, mas existem vários outros tipos de projetos.
Por exemplo, eu voluntariei numa granja orgânica no Norte do Equador. Lá ajudei a colher ovos das galinhas, a limpar a terra e a plantar sementes em berçários.
Também voluntariei num Centro Holístico no sul de Minas Gerais criando conteúdo pras redes sociais e pro site do projeto.
Passei 6 semanas voluntariando em uma ONG pra cachorros no litoral de São Paulo, onde também fui voluntária em uma comunidade alternativa e num sítio de permacultura.
Quem é membro da Worldpackers consegue usar filtros pra encontrar anfitriões de 12 tipos diferentes de projetos. ONGs, escolas, comunidades, projetos ecológicos, casa de família e muito mais.
Em conclusão, não precisa se limitar e cometer o erro de vivenciar APENAS um tipo de voluntariado. Existe um mundo pra você explorar como voluntário de viagem.
3 – Não saber escolher o anfitrião do voluntariado
Outro erro feio e rude cometido por muito voluntário de viagem é não saber escolher o anfitrião ideal.
A maioria comete esse erro por uma soma de erros (que inclusive estão nessa lista), mas também por não ter consciência do que tá buscando. Além disso, a galera não sabe usar os filtros da Worldpackers a seu favor.
Vou fazer um artigo pra Série Voluntariado só sobre esse tema, te dando dicas pra encontrar o melhor anfitrião.
Mas agora, em suma, você precisa ter dedicação na hora de buscar um projeto pra voluntariar. Leve em consideração o tipo de projeto que você deseja conhecer, o tipo de atividade que o anfitrião tá requisitando, a quantidade de horas que você quer/pode colaborar e a localização do projeto.
Na plataforma que uso pra encontrar voluntariados, como falei nesse post com 12 vantagens pra ser membro da Worldpackers, existem 16 filtros. Dessa forma posso qualificar melhor minhas experiências de work exchange.
E, pessoalmente, não me limito geograficamente, não! Por exemplo, quando quis voluntariar numa ONG, estava aberta sobre o destino. Ou seja, o objetivo da viagem era justamente vivenciar esse voluntariado. Dentre as opções que eu tinha, Ubatuba me pareceu o melhor destino, então apliquei e fui aceita pelo anfitrião.
Veja aqui como foi esse voluntariado com animais em Ubatuba.
4 – Limitar o voluntariado a viajar barato
É verdade que voluntariar é uma economia de viagem absurda. Inclusive, essa é uma das 7 recomendações que eu dou nesse post sobre viajar sem dinheiro.
No Peru, por exemplo, eu vivi por 3 meses em Cusco sem gastar nada com hospedagem ou aluguel, como eu relatei nesse outro post aqui.
Mas engana-se quem se limita a apenas essa economia quando o assunto é voluntariar.
Um voluntário de viagem deveria também se apegar a outras motivações pra escolher fazer trocas colaborativas, como a aprendizagem de novas habilidades, por exemplo.
Quando você faz um voluntariado você pode aprender coisas novas, como um idioma na recepção de um hostel; sobre adubo orgânico num projeto ecológico; sobre processos de adoção numa ONG animal ou sobre alimentação alternativa numa comunidade.
5- Não se planejar com boa antecedência
Não sou muito de me planejar desde que fuji do Brasil em 2019 pra curar a dor de uma separação, contudo, quando o assunto é voluntariar, me planejo com pelo menos um mês.
Isso porque posso procurar com calma projetos que tenham mais a ver comigo e com o que tô buscando no momento.
Se deixo pra me programar em cima da hora, acabo tendo que escolher um projeto qualquer ou acabo me perdendo nos meus objetivos de voluntariar.
Mas também não me planejo com tanta antecedência, porque não tenho como saber quais experiências vou querer vivenciar em 6 meses. Primeiramente que como nômade eu nem sei onde vou estar.
Considero boa antecedência o período de um mês. Três no máximo em casos de projetos muito concorridos, como ONGs e retiros.
6 – Não cumprir com o acordado ao ser aceito como voluntário de viagem
Esse tópico dispensa explicações, certo? Apesar de parecer óbvio, muito voluntário de viagem acaba não cumprindo com o acordado com o anfitrião.
Em Cusco, um colega voluntário enrolava muito pra fazer as tarefas dele. Tiveram dias em que ele simplesmente não fez nada, ou seja, deixou o anfitrião na mão e prejudicou os companheiros.
Como você evita isso?
Primeiramente, escolhendo um projeto e atividades nas quais realmente deseja colaborar.
Depois, reconhecer se a experiência não tá muito legal e trocar ideia com o anfitrião e, quem sabe, interromper essa experiência de voluntariado ou trocar de tarefas.
Mas, acima de tudo, respeitar teu momento, caso você seja nômade ou esteja fazendo um mochilão sabático. Já aconteceu comigo de eu simplesmente cansar e tirar uns meses pra pagar aluguel. Não tem grana? Aqui você vai ver 10 dicas pra fazer dinheiro viajando.
Em suma, não tope algo que você não tá a fim de fazer. Não seja um voluntário de viagem cuzão!
7 – Aceitar o que não foi acordado
Por outro lado, não é certo você colaborar com 30 horas semanais, se o acordado foram 25. Ou fazer limpeza, se o acordado foi recepção. Ou não receber café da manhã, se o anfitrião ofereceu isso na vaga.
Lembre-se que essa relação é horizontal e não precisa ter medo de “não obedecer ordens do chefe”.
Caso você não se sinta confortável com as novas tarefas ou a quebra do acordo, isso precisa ser conversado com o anfitrião. Explique como se sente e tente novos acordos que façam sentido pra todos.
E se o anfitrião não quiser cumprir com os acordos? Você pode ir embora quando quiser!
E, se você é membro da Worldpackers, pode solicitar o Seguro Voluntário, que vai analisar o caso e você pode ser contemplado com 3 noites de hospedagem econômica até que te ajudem a encontrar um novo anfitrião na região.
8 – Não ser flexível sobre o que não foi acordado
Contudo, não ser flexível sobre os acordos também é um erro.
O anfitrião pode ter um imprevisto e acaba precisando de um tipo de ajuda diferente.
Por exemplo, agora na Pandemia, pode ser que uma pousada tenha te aceitado pra ajudar na recepção, mas por conta da falta de hóspedes pra atender, pode te pedir ajuda na organização de um espaço. Por que dizer ‘não’?
Ser flexível significa avaliar o pedido e as motivações. Não é certo se aceito pra fazer fotos e acabar fazendo limpeza, mas antes de simplesmente não aceitar a tarefa, é preciso analisar cada situação.
Em suma, seja sensato, empático e justo ao ponderar esses pedidos de tarefas que fogem do combinado. E só negue se realmente não faz sentido ou sentir que é abuso da parte do anfitrião.
Ah, e antes de falar com o suporte, avalie se realmente se faz necessário. Somos todos adultos e podemos resolver muitas coisas entre voluntários e anfitriões.
Lembrando que, em caso de abuso nos pedidos, como trabalhar muito mais horas ou realizar tarefas pesadas e perigosas, você pode reportar a vaga, caso esteja voluntariando pela Worldpackers.
9 – Não dar feedback sincero
Antes de mais nada, pra quem faz voluntariado por plataformas, é possível deixar uma avaliação sobre a experiência. Como escrevi nesse artigo, na plataforma que uso posso deixar 3 tipos de avaliação: uma pública, uma só pro anfitrião e uma pra equipe da Worldpackers.
A avaliação é muito importante pra gente compartilhar se a experiência foi boa ou ruim. Se cumpriu com os acordos. Como são as condições do local. Enfim, tudo o que envolve o voluntariado e é importante ser compartilhado.
Muitos viajantes, como eu, se baseiam na experiência de outro voluntário pra decidir se determinado anfitrião é uma boa opção pra si.
Por isso, escreva avaliações sinceras, contando o que realmente vivenciou, o que amou, o que poderia melhorar ou o que foi bem ruim.
Não precisa ter medo de retaliações, porque as avaliações são às cegas. O anfitrião só vai ler o que você escreveu, depois que ele já tiver feito a avaliação sobre você. Inclusive, assista gratuitamente ao curso ‘Como ser um Worldpackers Extraordinário’, ministrado por mim, e veja dicas sobre isso e muito mais!
Em suma, quando você não é sincero, a comunidade perde qualidade e pode ficar até insegura. Por isso, simbora escrever honestamente sobre tuas experiências como voluntário de viagem!
10 – Não ter um possível plano B pro voluntariado
Quando você tira um ano sabático, faz um mochilão ou é nômade, a vida é feita de aqui e agora, ou seja, não tem muito planejamento.
Mas é importante ter sempre um dinheiro pra emergência. Imagina que a experiência no anfitrião esteja sendo ruim e você precisa ir embora. Você não estava contando com os custos de pagar hospedagem ou, até com passagem pra outro lugar. Se não tiver nada, vai ficar super na mão.
Tenha uma reserva básica pra essas emergências. Além de dinheiro, teu plano B pode ser fazer camping selvagem, por isso tenha barraca e materiais de camping, ou pode ser Couchsurfing, por isso tenha teu perfil criado e pago na plataforma. Você pode ler sobre esses dois temas nesse artigo sobre viajar sem dinheiro.
Lembrando que quem é membro da Worldpackers tem acesso ao Seguro Voluntário pra esses casos. Mesmo assim, o seguro só cobre 3 diárias, por isso, tenha opções pra um plano B.
11 – Ser voluntário de viagem de maneira independente
Existem muitos viajantes que são voluntários por fora das plataformas. Eles encontram vagas por grupos do Facebook e por indicação de outros viajantes.
Claro, não há que pagar nada pra ser independente, mas a verdade é que pode ser uma economia arriscada e não tão inteligente.
Por exemplo, a Worldpackers custa 39 dólares usando o cupom de desconto UMASULAMERICANA, ou seja, o equivalente a 4 ou 5 noites de hospedagem no Brasil.
Acontece que, por esse valor, você tem acesso a mais de 8 mil anfitriões em todo mundo, não precisa ficar caçando anúncio nas redes sociais.
Além disso, tem acesso ao seguro, caso algo saia do esperado – e isso já quita o investimento basicamente. Tem acesso ao suporte, pode trocar avaliações com os anfitriões e pode até ganhar dinheiro (inclusive em dólar) como membro, como você pode ver nesse artigo.
Ja vi acontecer de os anfitriões oferecerem acordos diferentes também. Quem vem por fora acaba trabalhando mais horas ou possui menos benefícios. Chato, mas acontece, infelizmente.
Na minha segunda volta pela América do Sul, depois de vencer minha membresia, decidi não assinar novamente a Worldpackers, porque tava sem grana. Tentei um lugar por fora e acabei sendo assediada pelo anfitrião antes de chegar (por sorte).
Enfim, caso não tenha muita grana, você pode parcelar em até 12 vezes sem juros e pode recuperar depois se inscrevendo nos programas que você pode ler no artigo que recomendei.
Como acertar ao ser voluntário de viagem?
Além de evitar todos esses erros, você pode se profissionalizar como voluntário de viagem.
– Leia artigos sobre o tema aqui no blog e veja os vídeos no YouTube. Tô criando uma série de vídeos e textos sobre o tema pra te ajudar a entender melhor esse assunto.
– Tire certificados na Academy, a maior escola pra viajantes da Internet. O curso ‘Como ser um Worldpacker extraordinário’ foi apresentado por mim com conteúdo criado em conjunto com diversas áreas, como CSMs (responsáveis pelos anfitriões), suporte e comunicação. O curso é gratuito e te dá um certificado no perfil. Vou escrever sobre a Academy em breve.
– Saiba tudo o que pode sobre o anfitrião antes de aplicar e antes de chegar no projeto. Enfim, pesquise na Internet, leia as avaliações, acompanhe nas redes sociais. Converse bastante com o anfitrião.
– Em suma, o mais importante, seja comprometido como voluntário de viagem. Entenda a importância de mudar o sistema e não precisar de dinheiro pra fazer o que deseja. Reconheça a oportunidade de viver uma imersão cultural. Abrace as chances de se desenvolver como pessoa.
E aí, esse post te ajudou a esclarecer as coisas sobre ser voluntário de viagem? Comenta aí!