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Coronavírus no Equador - como foi estar lá na quarentena

Coronavírus no Equador – Assalto, barraco e repatriação

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Estava em meio a um mochilão pela América do Sul, depois de um ano e 3 meses de viagem, quando fui barrada no Equador pela pandemia do Coronavírus!

Fui assaltada e, sem documento e comunicação, enfrentei a quarentena do Coronavírus no Equador, enquanto meu futuro era incerto: voltar ou não para o Brasil? Até que, 15 dias depois, a Embaixada do Brasil repatriou a mim e mais 139 brasileiros em um voo humanitário.

Vou contar agora como foi essa espera, o trâmite, a documentação e o processo de ser repatriada em meio ao caos do Coronavírus no Equador.

Coronavírus na América do Sul

15 de Março de 2020, eu tava fazendo voluntariado em uma granja em Atahualpa, norte do Equador. Estava acompanhada de uma amiga também brasileira que conheci em Montañita, a Clarice.

À tarde caminhamos 3 km para usar o wifi da igreja, como fazíamos todos os poucos dias desde chegamos. Ao entrar na internet, a bomba: CORONAVÍRUS.

Estávamos realmente desligadas do mundo, já que estávamos em um povoado pequeno e quase sem acesso à internet!

Clarice tinha uma viagem à Galapagos com seu pai e ele disse que talvez devessem cancelar.

Dito isso, perguntei a familiares e amigos como estava essa questão de COVID-19 em São Paulo e me disseram que no dia seguinte iria começar a quarentena. Escolas sem aula, comércio fechado, transportes suspensos entre as cidades.

Enquanto isso, no grupo de mochileiros do Equador a galera começou a comentar sobre a quarentena que seria instalada no país. Também disseram que as fronteiras seriam fechadas e a mobilização dentro do Equador seria suspenso.

Peru, Colômbia, Argentina, Chile, Bolívia… Todos fechando as fronteiras.

Aline no País das Maravilhas

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Percebi que tava numa bolha, longe da realidade! Não via noticiários. Não estava acompanhando nada. Apenas sabia de um coronavírus que saiu da China e foi pra Europa. E que a Itália estava em uma situação bem complicada.

O pai da Clarice comprou um voo caríssimo pra ela conseguir voltar e terminar sua volta ao mundo em outra hora. E eu? O que eu iria fazer?

Mal consegui digerir o choque de realidade e precisava resolver meus próximos passos.

Pra não ficar sozinha na granja, tomei o último ônibus a Quito junto com a Clarice, que iria tomar o último voo do Equador para o Brasil.

Consegui um voluntariado na capital e lá iria esperar. Afinal, isso deve durar 2 ou 3 semanas, né? Um mês no máximo!

Entramos no ônibus caladas. Na minha cabeça passava um filme da viagem pelo Equador, onde eu já estava havia quase 3 meses. A quantidade de noites de festa, os entardeceres na praia, as cachoeiras, construções históricas…

O Equador estava sendo o melhor país do meu mochilão pela América do Sul, porque eu estava no melhor momento interno da minha vida. Mas o coronavírus me tirou do país das maravilhas.

Chegamos em Quito no dia 16 no início da noite. No transporte público não poderia ir ninguém em pé, por isso as filas estavam longas. A cidade já estava vazia em plena segunda-feira no horário de pico.

Isso entristeceu meu coração e eu definitivamente caí na real! Eu tava vivendo uma catástrofe biológica.

E o pesadelo só tava começando!

Assaltadas em Quito

Mal havíamos chegado e Quito nos mal recepcionou. Estávamos caminhando em direção ao hostel onde eu faria voluntariado, quando percebi alguém vindo na minha direção.

A partir disso minha memória tá meio borrada, como se tivesse sonhado, sabe?

Um cara com apontava uma faca de carne pro meu peito e me pedia dinheiro. Olhei pra traz pra tentar buscar a Clarice, mas não a vi.

Abri minha bolsa da câmera que tava na frente do meu corpo e dei ao assaltante minha carteira. Pedi pra retirar meu documento e ele deixou, mas quando puxei, ele viu que só haviam moedas e jogou tudo no chão.

Colocou a mão na bolsa e levou meu celular e meu carregador portátil. Nisso fiquei sem documento, porque não o encontrei.

Enquanto isso, Clarice tava sendo abordada por dois assaltantes desarmados, que levaram a pochete dela com dinheiro, cartões e seu celular.

Meu mundo caiu! Senti um peso no peito tão grande. Gritava e chorava. Via flashs daquela faca me ameaçando. Clari tava mais controlada, mas não menos triste, com medo e nervosa.

Durante o assalto ela fez xixi nas calças de medo. Já eu vomitei mais adiante de nervoso, sem conseguir respirar.

A cidade vazia por causa da quarentena do Coronavírus e as poucas pessoas que passavam não se importaram.

A polícia não ajudou em nada, a não ser dando uma carona até o hostel!

O começo da quarentena do Coronavírus no Equador

Chegamos no hostel e vieram as bombas – sim, esse pesadelo não havia terminado!

1 – O voo da Clarice havia sido cancelado porque o Equador fechou o aeroporto.

2 – Meu voluntariado seria cancelado porque não havia hóspedes.

Bom, pelo menos eu não iria pagar pela noite! Deitei na minha cama e demorei muito pra dormir. O peito doía muito. Me sentia tão vazia e frustrada.

Na manhã seguinte acordei um pouco melhor. Era dia da Clari chorar e eu consolar. E assim revesamos os surtos durante a quarentena do coronavírus no Equador.

Já não podíamos sair pra comprar comida, por isso o dono do hostel Minka, um amor de pessoa, pediu nossas listas e saiu pra comprar.

Ele fecharia o hostel 3 dias depois e nós poderíamos ficar. Aproveitamos pra resolver tudo – ou quase tudo!

Às noites nos juntávamos aos 2 voluntários que estavam lá, mais o único hóspede, pra assistir série na Netflix.

Ao final desses dias no hostel, Clarice, Albert (o hóspede espanhol) e eu fomos pra um AirBnB, onde esperaríamos os próximos acontecimentos.

Passávamos o dia brincando, revesando os surtos, comendo e, à noite, nos juntávamos pra continuar vendo a série que começamos no hostel.

Estávamos em contato com a Embaixada do Brasil no Equador pra eu poder ter um documento e pra ver se sairia um voo pra Clarice. Já eu ainda não pensava em voltar. Voltar pra onde, se eu havia deixado tudo pra trás?

Enquanto isso uma vaquinha online arrecadou a grana que eu precisaria pro documento. Arrecadou 3 vezes o valor! Fiquei tão feliz e esperançosa. Quanto amor eu recebi através de cada real que me mandaram.

Um voo pra Madrid saiu e albert foi embora! No mesmo dia Clari e eu tínhamos uma reunião na embaixada.

O taxista nos deixou em qualquer lugar depois de cobrar um valor absurdo! Já não havia transporte público. A Polícia no perguntou o porquê estávamos andando na rua e sem máscaras. Ao responder nos indicaram onde seria a embaixada e lá fomos nós!

Barraco na Casa do Embaixador

Caminhamos por uns longos minutos pela avenida vazia, até que vi uma bandeira do Brasil e, como cena de filme, comecei a correr apontando pra Clarice o lugar.

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Ao chegar eufóricas à porta, descobrimos que ali não era a embaixada, mas sim a Residência do Embaixador. O porteiro era equatoriano e nos avisou que deveríamos tomar um táxi.

Falamos que não tínhamos grana mais pra ficar andando de táxi pela cidade e dissemos que queríamos falar com o Embaixador. O senhor pediu para aguardarmos e nesse meio tempo começou a chover.

Esse era o dia de surto da Clarice!

Quando o cara voltou, disse que não seria possível e começou a nos explicar que a embaixada não estava atendendo e nós duas contestamos que tínhamos hora marcada.

Clari pediu para que nos deixassem entrar porque chovia e ela temia sofrer outro assalto. Nos foi negado!

Passamos um tempão ali, até que vieram mais 2 funcionários, TODOS SEM MÁSCARAS, nos deram $20, pediram um táxi e esperaram com a gente debaixo da chuva.

Autorização de Retorno

Ao chegar finalmente à Embaixada, soubemos mais detalhes do porquê estava demorando tanto um voo para o Brasil.

Além disso soube que meu passaporte poderia demorar muito para ser confeccionado, porque seria necessário que me enviassem documentos originais do Brasil, como certidão de nascimento.

Além disso eu deveria pagar a taxa de $120, 3 vezes o valor do passaporte feito no Brasil.

Eu ainda não sabia que iria voltar ao Brasil, porque ainda parecia tudo muito passageiro. Mesmo assim emitiram gratuitamente um documento chamado ‘Autorização de Retorno ao Brasil’.

Meu novo documento tinha validade de 20 dias, até 5 de abril.

Foi com ele que retornei no dia 30 de março de 2019, colocando um baita ponto e vírgula no meu mochilão sabático por causa do coronavírus!

Veja aqui mais sobre a Autorização de Regreso.

Quarentena por Coronavírus no Equador

Coronavírus no Equador - como foi estar lá na quarentena

Viver o coronavírus no Equador foi uma experiência extremamente profunda!

A quarentena em Quito era rígida.

  • Apenas negócios voltados a alimentação e saúde podiam estar abertos
  • Apenas uma pessoa por família poderia entrar nos estabelecimentos.
  • Era obrigatório o uso de máscaras e luvas.
  • O toque de recolher começava às 14h e terminava às 5h do outro dia.
  • Multa e prisão pra quem desobedecesse as regras.

Além dos nossos conflitos pessoais, tínhamos que viver trancados em um pequeno apartamento no Centro da cidade. Éramos 3 outra vez, porque se juntou a nós o Vitor, um baiano que saiu de férias e não tava conseguindo voltar.

Criamos uma rotina com horários e tudo pra não passar o dia todo na cama. Horário pra comer, pra se exercitar, tempo livre individual, hora pra estudarmos juntos, horário estipulado pra ver série…

Enquanto isso o Equador estava estudando a possibilidade de entrar em rodízio. Cada número só poderia sair uma vez por semana para ir às compras. Eu e Clari poderíamos sair às quintas. Vitor, às sextas.

Mas antes disso saiu nosso voo e não ficamos pra ver!

Repatriação ao Brasil

Menos de R$6 por dia na América do Sul

Finalmente a Embaixada nos dá uma boa notícia de que teríamos nosso voo de repatriação. O valor seria de $120 – justo o valor do passaporte.

Entrei em colapso, porque não queria voltar pra casa, apesar de saber que era o melhor a ser feito. Viajando sem grana, eu precisava trabalhar pra viver. Como faria isso em meio a uma pandemia?

Decidi que embarcaria! Maldito coronavírus. Não podia acreditar. Chorei muito por me sentir tão frustrada.

A Embaixada nos informa de que o voo seria humanitário, isso significa que ninguém pagaria nada por isso. Olha o tamanho da crise que esse vírus criou!

Nosso voo não seria o da FARB, como foram os de repatriação do Peru, mas sim um voo particular fretado por uma embaixada pela primeira vez na história do Itamaraty.

Na manhã seguinte eu já tava mais feliz em ter a oportunidade de voltar e estar em segurança até passar a pandemia do coronavírus.

Com as mochilas armadas, pegamos um táxi à praça de onde estavam saindo os ônibus alugados pela embaixada para o aeroporto.

Era um acampamento do Exército do Equador, que fiscalizava e autorizava tudo.

Na fila só a gente tava animado. O resto tinha cara de preocupação.

Todos entramos nos ônibus com nossos kits dados pela Embaixada com máscaras, luvas e água.

Aguardamos a hora do embarque em um aeroporto vazio, onde só havia nosso voo. Éramos os únicos passageiros.

Você não tem noção da aflição que era isso! De verdade me sentia em meio ao apocalipse.

Check-in feito, mochilas despachadas e na sala de embarque festa! Brasileiro não pode ver uma muvuca que já quer animar né? Um maluco com violão tocava enquanto todos cantavam. Rolou até forro – só dançava quem tava de quarentena juntos, tipo o Vitor e eu.

Já no avião os sortudos ficaram com as poltronas da primeira classe, mas todo mundo estava em segurança, prontos pra voar.

Um voo bem diferente, sem tantos protocolos e formalidade.

Quarentena em São Paulo

Agora tô aqui em São Paulo, vivendo minha segunda parte da quarentena por conta do coronavírus.

Ainda tô tentando conciliar a informação de que eu voltei depois de um ano viajando. Eu voltei pra casa!

Tô aqui há 6 semanas, 4 kg mais gorda e tentando colocar o blog em dia. Pelo menos uma coisa boa.

Já tô pronta pra sair de novo! Coronavírus, coopere, por favor.

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6 Comentários

  • 16 de maio de 2020 a 09:06
    Solange

    Menina, misericórdia! Quanta coisa aconteceu uma atrás da outra. Tu és guerreira demais

    • 20 de maio de 2020 a 10:00

      Ce viu que loucura! Parecia um filme de terror hahaha Agora até rio, mas foi muita tensão.

  • 9 de junho de 2020 a 12:37
    Thiara

    Estou adorando ler seu blog!!
    Quero fazer um mochilão como o seu assim que a pandemia amenizar.
    O que pretende fazer após isso tudo? Vai voltar ao mochilão?

    • 9 de junho de 2020 a 13:55

      Oi, Thiara! Que legal que tá curtindo o blog <3 Fico super feliiiz!
      Olha, assim que essa coisa de coronavírus passar, vou seguir sim viagem, é meu estilo de vida no momento. Mas dessa vez pretendo subir pelo Brasil, me reconectar com a minha terra e tentar assim chegar na Colombia por um novo caminho

  • 20 de julho de 2020 a 17:26

    Wow, eu simplesmente não tenho palavras…que força vc teve!

    • 23 de setembro de 2020 a 09:58

      Brigada! Foi muito doido mesmo, mas ficam as histórias pra contar né?