Viajar sozinha pra Gramado – como foi minha primeira experiência
Quando descobri meu amor por viajar eu tinha acabado de me casar. Foi na lua de mel.
Daí em diante fiz várias viagens, incluindo um mochilão de 5 meses pela América do Sul. Em todas elas eu estava com o Rodrigo.
A vontade de viajar sozinha estava crescendo a medida que lia relatos de viajantes solos, mas nunca tinha oportunidade.
Cheguei a escrever dois posts colaborativos com dicas para mulheres que querem viajar sozinhas. Teve que ser colaborativo, porque eu mesma não sabia como era essa experiência.
Agora eu sei! Fui para a Serra Gaúcha sozinha para uma viagem de 5 dias. Foi incrível! Uma das mais inesquecíveis viagens que fiz!
A oportunidade de viajar sozinha
Peguei 15 dias de férias no trabalho, mas o Rodrigo conseguiu apenas 2 dias.
Fomos para o Jalapão comemorar o aniversário de casamento (todo ano vamos a algum lugar).
Mas eu ainda tinha muitos dias livres e eu precisava fazer isso: decidi viajar sem ele.
Por que a Serra Gaúcha pra viajar sozinha?
Estava com dúvida sobre vários destinos, inclusive internacionais.
Descartei lugares que o Rodrigo queria muito conhecer e descartei os que tinham passagens aéreas muito caras.
Porto Alegre se encaixou no quesito passagem, mas não curto cidade grande (moro em São Paulo, né). Vi nas cidades da Serra Gaúcha meu lugar.
Meu destino era especialmente Cambará do Sul, mas o acaso deu seu jeito de melhorar meus planos.
O desafio de viajar sozinha
Eu tinha vários impeditivos e o medo era o mais incomodo deles.
Na véspera, ainda no Jalapão, eu tava tendo crise de ansiedade. Tava com medo da hora da viagem.
Não era um medo específico. Era geral! Medo de qualquer coisa. Mas eu precisava vencer aquilo. Eu tinha lido aquele monte de dicas e conselhos dos posts colaborativos. Eu sabia como deveria agir.
Além do medo, tinha a saudade antecipada do meu marido. Estamos juntos há 12 anos e meio e o maior período que passei sem vê-lo foram 48 horas por causa de um problema com o Itaú no mochilão de 5 meses (leia aqui). Meu peito apertava muito toda vez que lembrava que tava chegando a hora de ficar longe por tantos dias.
A viagem sozinha
Na medida do possível, eu pensei muito positivo sobre tudo. Mas, sinceramente? Nem nos mais positivos dos meus pensamentos eu imaginei que seria tão maravilhoso quanto foi.
Na verdade a viagem começou um caos que me fez me arrepender ainda na rodoviária de Porto Alegre.
Meus planos eram: chegar em Cambará do Sul na segunda e integrar algum passeio ou carona para conhecer os dois principais cânions da região. Um seria feito na terça e outro na quarta. De lá, eu seguiria para Gramado e passaria duas noites: na quinta eu conheceria Gramado e na sexta, Canela.
Mas chegando na rodoviária percebi que era inviável ir a Cambará ainda na segunda e depois que seria impossível ir de lá para Gramado. Depois escreverei apenas sobre isso.
Bom, minha segunda-feira foi horrível e corrida! Tomei café da manhã em Palmas, almocei em São Paulo e jantei em São Francisco de Paula, onde cai de paraquedas quando não pensei com calma. Dormi sozinha numa pousada e de tanto medo, coloquei a cadeira do quarto atrás da porta com a mochila em cima.
Depois de tantos desencontros de informações, fui para Gramado e decidi ficar lá até o final.
As pessoas que fizeram minha viagem
Na terça de manhã, a senhora que toma conta da pousada me deu uma carona até a rodoviária de São Francisco de Paula. Ela foi uma fofa e me ajudou sem nem me conhecer – e eu nem pedi!
Dali, fui para Gramado, com os planos todos alterados. Comentei com o gerente do Hostel Britânico, onde eu fiquei até sexta, que eu queria conhecer Cambará. Sai e passei o dia sozinha andando por Gramado. Foi estranho não falar com ninguém. Foi estranho não saber o que fazer no dia seguinte.
Quando voltei, o gerente tinha uma novidade pra mim: um rapaz iria de carro sozinho até Cambará do Sul para conhecer pelo menos um cânion e que eu poderia pegar carona e dividir os custos com ele. Fiquei com um pouco de medo em pensar em sair de carro com um cara desconhecido, mas senti que tava tudo bem depois que conheci o Danilo, de Campinas.
Enquanto isso, no meu quarto, conheci a pessoa mais doida da viagem. O Luiz, de Salvador, veio falar comigo e já se enfiou em quaisquer planos que eu tinha. Ele disse que iria aonde eu fosse. Pronto! Sozinha eu não ficaria mais.
Depois de me arrumar pra comer fondue à noite resolvi esperar o Luiz na área comum do hostel. Lá estavam o Danilo, a Maylla (minha vizinha em São Paulo) e a Neide (de Brasília). Os três estavam bebendo vinho e conversando. Acabei entrando na conversa. Quando o Luiz chegou, convidei os três pra nos acompanhar e agora éramos 5.
A noite foi maravilhosa e a amizade foi instantânea. Tanto que no dia seguinte fomos os 5 para Cambará do Sul. Só deu tempo de fazer o Itaimbezinho, mas valeu a pena!
O Danilo foi embora, mas o grupo de amigos só cresceu. Todo mundo que estava no hostel foi viajar sozinho. Ninguém conhecia ninguém, mas parecia que éramos um grupo de amigos viajando juntos.
Na noite de quarta eu conheci o Abner (Sumaré), a Lu (Maceió), a Ale (outra vizinha em Sampa, dona do instagram @melevaale) e a Lorena (de Nova Era – MG). Saímos todos juntos para curtir a noite (que termina a 00h30) de Gramado. Eu sentia que aquelas pessoas eram minhas amigas, mas eu tinha acabado de conhecer. Foi tão especial e reciproco. Nunca vivi relacionamentos tão intensos assim!
Quando eu contei pra minha mãe, ela disse que é porque em outra vida nossas almas eram especiais umas para as outras. Que a alma reconhece outra e por isso nosso “santo” bateu.
Eu só tinha mais dois dias, mas eles pareceram uma eternidade perto dessa galera. Eu não tinha mais medo de nada. E a saudade do Rodrigo não me machucava.
A Ale foi embora, mas chegou o Rafael (mora próximo a Maceió). Fizemos mais rolês juntos. As vezes o grupo se dividia em dois ou três, mas estávamos o tempo todo juntos pelo whatsapp – Gramadanados, mandando fotos e contando o que tava rolando.
Passeamos em Canela, fomos para uma baladinho, andamos nas ruas de Gramado. Nunca mais fiquei sozinha.
Eu fui a próxima a ir embora, na madrugada do sábado. Até brincaram, dizendo que fariam vaquinha pra eu adiar o voo. Que fofos! Agora meu coração tava apertado de deixar aquelas pessoas maravilhosas, que fizeram da minha primeira experiência de viajar sozinha a melhor de todas.
O Abner e a Lu ficaram comigo até os últimos segundos. A van chegou, me despedi e eles ficaram lá, me procurando dentro do carro de vidros escuros no frio das 2h30 de Gramado. Fiquei muito emocionada! Ali terminou uma viagem completamente imprevisível e inesquecível.
Dan, Luiz, Neide, May, Bê, Lu, Ale, Lore e Rafa, muito obrigada por fazerem meus dias felizes e especiais. Nunca vou esquecer!
A experiência de viajar sozinha
Mesmo tento uma segunda-feira estressante e cheia de medos, a experiência de viajar sozinha foi melhor do que eu imaginei.
A gente fica mais aberto a conhecer pessoas novas e se permite mudar os planos por causa dessas pessoas.
Eu já fiz amigos em viagens com o Rodrigo, mas por estar acompanhada, nunca senti que precisava mesmo me juntar com mais ninguém.
Voltei pra casa incentivando minha mãe e o Rodrigo: vocês precisam viver isso! É incrível. E se tiverem a sorte que eu tive, vão ganhar amigos pra vida!
Como a Neide disse, “Depois que o bichinho de viajar sozinho te pica, nunca mais você vai querer viajar com ninguém”.
28 Comentários
Gostei muito do seu relato! Eu sempre viajei com o meu namorado e será a primeira vez que nossas férias ficarão descasadas e planejei ir para Gramado sozinha e tive a grata surpresa de encontrar seu post! Acho que agora tenho mais motivos para ir e tentar espantar esse medo rs Por incrível que pareça quero fechar exatamente o Hostel Britânico, você gostou de lá Aline?
Oie! Que delícia. Espero que você tenha a mesma sorte que eu!
Sim, adorei o hostel <3
Amei o conteúdo. Parabéns!
Valeeeeu! Que bom que ce curtiu