Tour do Salar de Uyuni – Relato do passeio de 3 dias e 2 noites
Paisagens inesquecíveis, com ares de paraíso. Não tem como resumir melhor o tour do Salar de Uyuni.
São cores marcantes, animais silvestres, desertos, lagos e tanta coisa linda que podemos ver em 3 ou 4 dias de viagem.
Nesse post relato como é o dia a dia do passeio. E tem bônus de uma história super legal que vivemos.
Escolhi fazer o passeio de 3 dias, porque comecei pelo Atacama e terminei em Uyuni para seguir viagem a La Paz via Oruro.
Veja neste post as informações básicas para o tour do Salar de Uyuni: quando ir, como chegar, o que levar, quanto custa…
>>> VEJA O RELATO FOTOGRÁFICO DO PASSEIO PELO SALAR
Relato Salar de Uyuni – 3 dias e 2 noites
Compramos na noite anterior na agência Andean Salt, na Caracoles, rua principal de San Pedro do Atacama. Era a mais barata, 90 mil pesos Chilenos.
Na manhã seguinte, perto das 7h30, um micro-ônibus da empresa Estrella passou no hostel para nos pegar. A partir desse momento começa o passeio.
1º dia do tour do Salar de Uyuni
Seguimos até a fronteira para dar a saída do Chile. Depois disso seguimos até a aduana boliviana para dar a entrada no país, onde rola o tour do Salar de Uyuni. Ali se cobra o equivalente a 5 mil pesos chilenos, mas que estava incluído no valor do passeio.
Tomamos café da manhã e tava uma delicia. É um bom momento para conhecer as pessoas, porque os grupos vão se dividir nessa hora. O passeio é feito em um 4×4 e cabem até 6 pessoas, além do motorista-guia.
Quem diz quem vai em qual carro é o motorista do micro-ônibus. Tomara que você dê a sorte de pegar um grupo legal como o meu.
O carro que embarcamos era da empresa Colcca. Os guias vão ser sempre bolivianos e acho que pouquíssimos falam inglês.
A primeira parada é no Controle do REA (Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa), onde estão as lagunas e a maioria das atrações do passeio. Essa é a hora de desembolsar Bs150.
A primeira atração do tour do Salar de Uyuni é a Laguna Blanca, depois é a Laguna Verde. As duas são lindas! O cenário é deslumbrante, gente!
Segue-se por algum tempo e chega-se ao Deserto de Dali. Super interessante! Parece pintura.
Próxima parada do tour do Salar de Uyuni : terma. O clima tava agradável e eu tive coragem de entrar, diferente dos Geyseres del Tatio, no Atacama, que a temperatura externa tava -12º. Temos uns 30 minutos ali. É bem gostoso e o visual é demais!
Depois, Geyser Sol de la mañana. Um cheiro de enxofre danado, mas é bem bonito. Tem uns buracos com fervuras e o barulho é bem assustador.
Dali seguimos por bastante tempo até o nosso refúgio, de frente à Laguna Colorada. Era cerca de 13h30. Achei cedo e fiquei um pouco decepcionada, porque achei que veríamos coisas o dia todo, não apenas meio dia.
Conhecemos nosso quarto e esperamos cerca de 40 minutos até que o Jhon (o guia) trouxesse o almoço, mas pudemos caminhar por ali antes de comer. O primeiro alomoço do tour do Salar de Uyuni Ffi salsicha com purê de batata e salada. Eu não gostava de purê até esse momento. Não tinha opção e acabei gostando 🙂
Depois de comer, o Jhon explicou o porquê de a Laguna Colorada ter aquela cor, explicou sobre a trilha e deu maiores instruções. Nós iríamos sozinhos. Eu curti, porque assim ficamos mais livres para parar e curtir como quiser.
Fomos nós 6 juntos: eu, o Rodrigo, um casal alemão, um chileno e um argentino. A trilha é sussa, mas na altitude tudo é um caos. De andar um pouco eu me sentia cansada. Era sempre a última, mas o grupo era demais e sempre me esperava.
A Laguna Colorada é a coisa mais incrível de todo o tour do Salar de Uyuni , na minha opinião. É uma mistura de cores, que parece ser pintura.
Subimos no mirador e passamos horas por ali. Foi olhando aquela água colorida que aconteceu uma coisa muito legal e importante, que vou contar no final para não perder o fio da meada (que termo brega).
Era umas 16h30 ou mais quando decidimos voltar. Tava esfriando e lotando de gente. No caminho de volta começou a ventar de uma forma que eu nunca tinha visto na vida. Eu, que sou gordinha, quase voei. Dó de quem pesa uns 20 kg a menos que eu hehe!
Quando chegamos o John preparou um café da tarde. Tinha bolacha de água e sal, além de café e chá de vários sabores, incluindo de coca.
O resto da tarde e noite foi reservada para que a gente ficasse mais amigos.
É nesse refúgio que não há banho. Mas eu nem liguei, porque tava um frio do cacete e não tiraria minha roupa nem a pau.
Não há luz também. Só liberam depois das 19h. Esqueça a chance de carregar sua câmera e suas outras coisas.
Mais tarde o Jhon trouxe o jantar – mais um desafio gastronômico para mim. A entrada foi sopa de legumes e pão. Comi caldo e pão. A gente tava achando que seria só isso, mas chegou o prato principal: espaguete ao sugo. Mas eu não comi, porque o molho tinha muito tomate e cebola. A chata aqui não gosta! Mas tava tudo bem, porque o caldo com pão tava uma delícia e comi bastante.
Os meninos brincaram de cartas, contaram histórias, fumaram maconha e fomos dormir.
2º dia do tour do Salar de Uyuni
Acordamos cedo e animar pra o segundo dia do tour do Salar de Uyuni , tomamos um café delicioso e seguimos bastante até o deserto onde está a Arbol de Piedra (Árvore de Pedra). Ela é linda e todas as outras formações por ali também. Amei essa parte!
Seguimos para as Lagunas Altiplânicas. Uma mais linda que a outra. Uma delas tinha mais flamingos que a Colorada e muito mais próximos da margem. Pirei e tirei fotos loucamente, sabendo que além de carga, não tinha muito espaço no cartão. Ficamos um bom tempo por ali. Foi demais.
Seguimos e rodamos mais um tempão. Esse dia é o dia da travessia, viu. Andamos muito, até chegar em umas formações rochosas com vista para um vulcão ativo. Ali o guia iria preparar o almoço. Enquanto isso poderíamos percorrer aquilo tudo.
O mais incrível foi que eu imaginei que tudo seria cheio, mas o Jhon manjava dos paranauê e só cruzamos com outros seres humanos na terma. Nem no refúgio havia outro grupo.
O almoço foi outro desafio: salada (que sempre dispenso), arroz e atum. Bora mandar atum pra dentro. Com fome, aquilo tava demais. Uma Coca-Cola pra ajudar e pronto. Mexerica de sobremesa.
Rodamos até a próxima parada… forçada. Uns coelhos (ou animal parecido, que eu chamo de coelho de qualquer forma), atravessaram nosso caminho. O Jhon é um fofo e, além de parar o carro, jogou uns pães para que eles ficassem mais perto da gente.
Paramos, depois de um tanto de minutos, em um pedacinho do salar, mas que tava sujo de terra e não tinha tanta beleza, mas havia um trilho do antigo trem, que aliado ao deserto cria um cenário lindo.
Mais tarde paramos em um povoado e os meninos provaram cerveja de coca, de mel e de quinoa num bar chamado 5mentarios (sem em espanhol é sin).
Rodamos mais um monte e chegamos no hotel de sal. Fomos os primeiros a chegar, porque o Jhon é demais e sabia que mais tarde iria ser foda tomar banho.
Pegamos os melhores quartos, colocamos as coisas para carregar no único molho de tomadas que tinha, tomamos café da tarde e começamos os banhos. Ainda faltava o chileno, James, quando a galera começou a chegar. A fila do banho ficou caótica e a busca pelos quartos perfeitos começaram. A briga por uma tomada também. E olha que a gente tem uma extensão, que emprestamos pra galera.
Ficamos ensinando o Francisco e o James (argentino e chileno) a falarem português. Foi a coisa mais engraçada do mundo ver eles tentando falar inho e ão. O James amou cachorrinho, cachorrão e cuzão. Saudades do tour do Salar de Uyuni, gente!
O jantar chegou. Preciso dizer que era outro desafio? O prato era Picamacho (salsicha, batata frita, cebola, ovo, ketchup, maionese, tomate e pimenta). Ainda bem que teve sopa de entrada, aí eu comi o caldo com pão de novo. O Jhon trouxe vinho (éramos os únicos que tínhamos vinho para o jantar) e brindamos à Bolívia e ao John.
Fomos dormir cedo, porque no dia seguinte levantaríamos bem antes das 5h pra curtir o último dia do tour do Salar de Uyuni .
3º dia do tour do Salar de Uyuni
Levantamos umas 4h30, porque veríamos o sol nascer do alto da Ilha dos Cactos, ou Isla del Pescado.
No caminho só a imensidão branca do salar e os raios de sol anunciando mais uma manhã. Coisa linda!
Chegamos um tempo depois na ilha. Paga-se Bs30 e da-lhe escada. Eu fiquei muiiiito cansada e quase não subi. Mas valeu a pena, porque as cores e o visual são incríveis.
Descemos um tempo depois e nosso café estava pronto. Depois disso, partiu salar!
O carro rodou bastante e paramos no meio da imensidão de sal. Provei o chão, claro! E tiramos fotos de perspectiva bem clichês, claro!
O querido do John tinha um dinossauro e um Godizilla no carro 🙂 Piramos! Ele mesmo tirou as melhores fotos pra gente, porque já tá ligado nos esquemas.
Depois disso seguimos para o Museu de Sal, mas tava todo mundo com sono e cansado de pular e ninguém quis descer.
Mais tarde chegamos ao Cemitério de Trens e almoçamos. Dessa vez foi sussa: arroz com frango. Mal sabia eu que dali pra frente eu só veria frango, até chegar no Equador.
Embarcamos mais uma vez. Na verdade, pela última vez. Seguimos até o escritório da Andean. Deixamos um recado de agradecimento para o John e nos despedimos (não muito, já que seguimos viagem com o Francisco e o James).
Uma história de troca e amizade
Francisco é um argentino que, como a gente, largou o trabalho e saiu para viajar pelo continente por 3 ou 6 meses, também como a gente.
Enquanto estávamos no alto do mirador da Laguna Colorada, o Rodrigo olhou para ele e comentou comigo: que estranho um argentino sem mate. E decidiu perguntar.
O cara respondeu: eu ando com mate, mas minha mochila pequena foi roubada e minhas coisas do mate estavam lá.
Ficamos curiosos e perguntamos como ele havia sido roubado.
O Francisco, que tá solo, contou que conheceu um garota argentina que estava trabalhando em Salta e que se ofereceu para seguir com ele. Creio que estavam indo à Tilcara. Enquanto estavam na rodoviária, ele pediu para a menina olhar as coisas dele rapidinho e foi comprar um chocolate. Quando voltou, um minuto depois, sua mochila menor não estava, muito menos a garota.
Ela levou com a mochila, além do mate, cartões, itens mais usuais e uma câmera recém comprada com todas as fotos de Salta e Tucumán.
Ele levou na boa e contou sem ressentimentos. Eu fiquei furiosa. O Rodrigo também. Poxa, que pessoa ruim, né? O cara gastou dinheiro e investiu numa câmera boa para registrar a viagem da vida dele e agora tava usando um Moto E para tirar fotos.
Ficamos em silêncio por uns minutos. Olhei para o Rodrigo e disse: Mo, tô pensando numa coisa. Ele respondeu: eu também. Me arrepia lembrar!
Nós dois tínhamos pensado na mesma coisa, numa sintonia que confirmava que estávamos certos. Nós compramos também uma câmera melhor, mas levamos a antiga junto para o Rodrigo usar (ele não é chegado em tirar fotos). Uma Fuljifilm S2980, boa, com 14 mp, 18x de zoom ótico, com opções de fotografia, inclusive panorâmica e 2 cartões de memória. O Rodrigo mal estava usando. Não poderíamos devolver a ele as fotos de Tucumán e Salta, mas a câmera sim.
Mais tarde, no refúgio, passamos as fotos que estavam nela para o computador e entregamos a câmera para o Francisco. Recebemos um abraço apertado e contamos para ele que sua história também tinha nos ajudado.
Eu estava emputecida (muito mesmo) porque passamos por vários perrengues. Um atrás do outro, inclusive tinha perdido meu celular (também um Moto E) uns dias antes e tinha chorado loucamente, dizendo que só comigo essas coisas aconteciam e me sentindo a pessoa mais azarada do mundo. Mas escutar uma história pior que a minha e sem ressentimentos me fez perceber que estou sujeita como qualquer um, que quando saímos de casa corremos riscos, mas o que muda é a forma como encaramos essas experiências. O Francisco me ensinou a aceitar melhor.
No final de tudo, ganhamos um amigo!
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20 Comentários
Que legal as fotos! To programando a trip pró ano que vem e tenho algumas dúvidas, por acaso você não empresta um pouco de conhecimento e paciência pra ouvir algumas dúvidas? Kkkkkkkkkkkkkkkkk
hahahahaha claro! Pode perguntar o que quiser
[…] Acordamos cedo para partir para a Bolívia pela primeira vez. O dia a dia bem especificado você pode ler aqui. […]
[…] Atacama é mais caro, como descobri depois, mas foi como cheguei à Bolívia. Leia aqui o relato, dicas e informações desse passeio. Custa em média 100 mil […]
Essa história do Francisco…. apesar de triste, és linda! Saber que ele não carregava ódio, e de quebra foi presentado, mostrando que apesar de tudo existem pessoas boas. E mostrando pra vocês (e pra nós) que devemos perdoar e desapegar. SENSACIONAL
É verdade, Wesley <3 Foi uma história incrível!
[…] escrevi um relato dos 3 dias do passeio aqui, e também expliquei como são os passeios. Agora quero tentar mostrar como é o passeio através […]
[…] > Quanto custa e como é o Tour pelo Salar de Uyuni […]
Olá!
Adorei seu relato de viagem, especialmente pelo desfecho. Um gesto muito nobre e de troca. Deu ainda mais vontade de fazer essa viagem. Gratidão! ?
Oi! Brigada, Natália. Foi realmente um momento bem importante da viagem e fico feliz de poder espalhar essa vibe positiva <3 Bjs
[…] Colorada, Salar de Uyuni – […]
Que lindo relato. Para cambiar moeda e fácil por la?
Brigada! É fácil sim, mas indico sempre trocar em cidades grande
Aline, estou indo para a Bolívia agora em setembro. Qual moeda você acha mais interessante levar pra Bolívia!?? Real ou dólar?
Oi, Dinah. Em cidades turísticas vc consegue trocar reais na boa. Indico fazer uma conta, depois de pesquisar a média do câmbio e do real por lá: real x bolivianos e dólar x bolivianos, depois reais x dólar. Por exemplo, R$1 x Bol 2,20 e USD1 x Bol 7. O dólar tá R$3.20 e a cada 3.20 você consegue Bol 7,04, por centavos vale mais a pena levar real. Arredondei os valores pra considerar as taxas.
Aline que história linda de generosidade e fraternidade! Juro que estou emocionada! Parabéns a vcs pela iniciativa!
Oi, Suellen. Brigada! Eu sempre tento ser a boa pessoa que cruzou o caminho de alguém, porque sei o quanto isso é marcante e importante. Em troca, recebo boas pessoas no meu caminho também, como as que me salvaram e cuidaram de mim no Saco do Mamanguá. Beijos e obrigada pelo comentário.
[…] você vai fazer a Travessia do Salar de Uyuni na mesma viagem, uma opção é excluir as Lagunas Altiplânicas do Atacama, já que você irá […]
Boa tarde, quanto tempo fizeste esta travessia de Atacama e Uyumi?
Olá! Fiz em 2015