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De Tabatinga a Manaus – 4 dias e 3 noites navegando pelo Rio Solimões

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Depois de oitenta e tantos dias, era hora de voltar para o Brasil.

Estávamos na Colômbia e tínhamos duas opções: ir a Venezuela e descer até Boa Vista ou ir entrar pelo Amazonas. A segunda foi a que fizemos e a que vou contar para vocês.

Travessia Tabatinga - Manaus em barco

Com as fronteiras da Colômbia com a Venezuela fechadas, tivemos que abandonar o plano que parecia mais fácil e barato e voltar à Pátria Amada através da selva amazônica.

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Os ouvidos tavam saudosos do português; o paladar, do nosso feijão; os olhos, da nossa gente e o coração, do nosso chão.

Nossa volta começou com a partida de Santa Marta, no Caribe colombiano, para Bogotá. Foram 17 horas de viagem em ônibus. Embarcamos sentindo calor e desembarcamos com o frio que fazia na capital.

Nosso voo foi rápido e tranquilo. Saiu sem atrasos às 13h30. O primeiro voo da viagem. Acontece que para chegar em Letícia, na região amazônica da Colômbia, só há essa opção. Nada de estrada!

Mas foi lindos, porque sobrevoamos a Amazônia! Vários tons de verde sendo cortados por rio e criando os desenhos mais lindos da natureza.

De Tabatinga a Manuas em barco - 4 dias e 3 noites

Desembarcamos em Letícia e atravessamos caminhando para o Brasil. Esse trechinho é terra de ninguém. A imigração fica no aeroporto, onde se carimba a saída. Daí você pode perambular por Letícia sem necessidade de visto.

Em uma hora estávamos em Tabatinga. BRASIL! Brindamos nossa volta em grande estilo com guaraná Antárctica. Tava mais gostoso do que eu me lembrava.

Passamos três noites em tabatinga, porque era terça quando chegamos e o barco só partiria no sábado. Foram três dias de calor e de um mundo bem diferente. Um Brasil que eu não conhecia.

O grande dia chegou, finalmente, e partiríamos para uma experiência que não vou esquecer jamais. Daquelas histórias que contamos para os filhos e amigos, sabe? 4 dias navegando pelo Solimões!

Antes de embarcar a Polícia Federal revistou as pequenas mochilas e um cachorro farejou as maiores. Depois disso começa o embarque e é preciso montar as redes.Travessia Tabatinga - Manaus em barco

Sim, redes! Onde você acha que iríamos dormir? Cada um leva a sua. Compramos em Tabatinga e escolhemos uma que combinasse com a nossa casa em São Paulo rs.

Fomos uns dos primeiros a subir no barco Voyage V e escolhemos nosso terreno. Logo depois todos os mochileiros presentes amarraram suas redes perto das nossas. Mochileiro é como bicho, né? Só anda em bando. Éramos 7, apenas 3 brasileiros.

Travessia Tabatinga - Manaus em barco

Travessia Tabatinga - Manaus em barco

Logo, nossos vizinhos estavam todos a bordo. Todos eram amazonenses ou residentes do Amazonas. Rapidinho o espaço do barco ficou pequeno.

O barco tinha três andares e nós ficamos no mais alto. No do meio haviam as cabines da tripulação e do pessoal que podia pagar mais por uma cama e ar-condicionado; o bar e uma quadra de futebol. No andar mais baixo haviam mais redes, um barulho enlouquecedor do motor e a cozinha. Ainda havia um porão, mas só a tripulação podia descer.

Quando o ferry boat saiu para alcançar o Rio Solimões, deixando para trás Tabatinga e a tríplice fronteira, o vento ajudou a suportar o calor absurdo que fazia.

Nos apresentamos aos novos vizinhos: um casal espanhol, uma brasileira que não vinha ao Brasil havia mais de 10 anos, um holandês, um neozelandês e um australiano peidão (ele não parava rs). Nos cuidávamos, uns protegendo as coisas dos outros, como uma família.

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O Rodrigo foi jogar bola e preferiu não me ouvir quando eu disse que era melhor colocar um tênis, afinal era ferro no chão e o sol estava forte. Voltou com um dos pés queimado e machucado, impedindo sua participação nas próximas partidas.

O primeiro dia foi o mais estranho, porque era preciso se adaptar. Mas tínhamos tempo para isso. E tinha o computador sem internet, onde eu poderia escrever os posts atrasados aqui pro blog. Tinha também o livro Diário de Anne Frank em espanhol que trouxe do Peru pra aprender a língua e uma TV, onde poderia acompanhar os noticiários.

Mas os maiores passatempos eram mais simples: a natureza intocada da floresta amazônica e as pessoas.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

O mergulho do sol durante a travessia

Na hora do jantar conhecemos o refeitório. Simples e com cara de filmes que retratam pobreza, como Central do Brasil. A comida era mais simples ainda, mas tava deliciosa. Gostinho de comida de vó. Também conhecemos a realidade de quem dormia perto do motor. Que má sorte!

O barco encostou num pequeno porto de uma vila. Muitas pessoas subiram para vender coisas e algumas pessoas desembarcaram. Depois de uma hora seguimos viagem. Já era final de tarde. Vimos o primeiro pôr do sol e os primeiros botos.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

A noite caiu e lá fora só se via um breu infinito. De repente o barco parou no meio do nada (pela primeira vez).

A segunda parada era a PF, que revistaria nossas coisas novamente. Por ser rota de tráfico, eles marcam em cima.

Dessa vez a revista foi pesada. Fuçaram em tudo e passamos mais de uma hora parados ali. Uma mulher e sua imensa sacola foram levadas à um espaço separado e na hora de irem embora os policiais as levaram, com bagagem, rede e tudo, para fora. Ela estava com drogas.

Uns ficaram tensos, outros curiosos e outros entusiasmados com o que aconteceu. Seguimos em frente.

A primeira noite foi a mais tensa. Não só pela música alta na hora de dormir, mas também pelo medo de mexerem nas nossas bagagens. Afinal não havia uma fonte de luz externa e, quando apagavam a luz do barco, às 20h, não dava pra ver nada.

E por falar em horário, tudo acontece muito cedo no barco. O café é às 5h, o almoço, às 11h e o jantar, às 17h. As luzes se apagam às 20h. Só o bar que ficava aberto até às 23h com seu som super alto tocando Coleguinhas e Mc Catra.

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Travessia de barco de Tabatinga a Manaus Refeitório

No segundo dia as coisas pareciam mais naturais. Nos sentimos mais livres para deixar as coisas sozinhas (mas sempre trancadas) e caminhar pelos espaços do barco.

Em algum momento da tarde eu peguei o computador e comecei a escrever. Algumas horas depois, quando a bateria começou a pedir arrego, fui procurar o Rodrigo, que não via desde que comecei a escrever.

Ele estava sentado à uma mesa do bar, assistindo a uma partida de futebol ao vivo na quadra e acompanhado de alguns homens, a quem me apresentou.

Eles eram todos amazonenses e possuíam o típico jeitinho nortista que eu adoro. Não sossegaram enquanto não aceitamos uma bebida. Para eles é desfeita não aceitar. Eu consegui ficar em numa latinha de guaraná, mas o Rodrigo não pôde fugir das inúmeras cervejas e doses de cachaça que ofereciam.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

Conversamos, ficamos amigos e eles detonaram duas garrafas de Cristal (pinga) e tanta cerveja que não pude nem contar.

Sei que em meio às boas conversas, perdemos o horário do jantar, que termina às 18h. O Rodrigo fez uma marmita com a comida do almoço, nem lembro o porquê, e acabamos jantando ela.

Mesmo assim, os novos amigos compraram um Cup Noodles pra gente. Até me sentia mal com tanto agrado. E o pior é que nem tínhamos dinheiro para retribuir. Como não havia Itaú em Tabatinga não pudermos sacar e no barco não aceita débito.

O terceiro dia foi um pouco entediante. Nossos amigos amazonenses estavam de ressaca e os mochileiros estavam nos seus mundos, ou assistindo um filme que baixaram no computador, ou lendo, ou jogando no celular…

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

Entre as paisagens monótonas

A festa rolava solta no bar. Era o que tinha para fazer ali. E eu fui escrever mais uma vez. De novo sai para procurar o Rodrigo e de novo ele estava vendo o futebol.

Incentivei-o a colocar o tênis e jogar um pouco. Tinha no campo um pouco de gente de várias partes. Haviam amazonenses e nortistas de várias cidades, brasileiros de outros estados, espanhol, holandês e argentino. Todos brincando em um jogo em que ninguém contava quantos gols estava para cada equipe.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

Depois disso jantamos e ficamos na parte frontal do barco, tentando cantar e ouvir a própria voz em meio a música do bar, a música do celular de um adolescente e o cavaquinho do argentino.

Subimos para dormir, mas a festa no bar estava pegando fogo e tudo dava para se ouvir das nossas redes. Tínhamos acordado 5h30 para o café, por isso às 23h tava mais da metade do barco simplesmente morto.

Eu sou mega mal-humorada com sono e com fome. Preciso lembrar que o jantar foi servido às 17h e eu não tinha grana.

Desci com a bandeira branca nas mãos e perguntei para o “gerente”: que horas fecha o bar? Sua resposta foi: daqui há pouco – Ok! Esperaremos.

Meia hora depois a festa ainda rolava e os festeiros gritavam. Desci de novo e dessa vez resolvi ser mais direta: será que podem baixar um pouco o volume? Não dá para dormir.

O gerente pareceu não ter gostado do meu atrevimento e disse: fala com eles ali – apontando para os bêbados que gritavam.

Retruquei, já estressada: mas você não é o gerente? – Ao que ele respondeu: fale com eles que são DJs.

Fui até os bêbados e pedi, sorrindo e com a voz mais doce do mundo: será que podem baixar um pouco o som? Minha rede é bem a primeira e tá difícil de dormir.

Uns fizeram cara feia e outros disseram que o bar já iria fechar.

A verdade é que acabei dormindo em algum momento depois da meia noite e não vi a que horas fechou o bar. Só sei que, no meio da madrugada, eles subiram causando.

Foi a pior noite pra muita gente. Acordaram o barco quase todo. Entre a bagunça, um rapaz ficou com “um santo no corpo”, se debatendo e falando grosso.

Um outro rapaz se abaixou perto da gente e começou a mexer em alguma coisa que não era dele. O Rodrigo e o espanhol tiveram que chamá-lo e avisa-lo para não mexer nas nossas coisas.

Era mais de 2h da manhã quando as coisas se acalmaram e pudermos dormir.

O problema foi acordar às 5h da manhã com a moça da cozinha gritando “Ó o café. Hora do café”. Eu não consegui levantar! Quando eu acordei, às 8h30, comi o pão que o Rodrigo preparou para mim.

Como era o dia de chegar em Manaus, o almoço foi servido às 10h30. Quase não consegui comer a pouquíssima quantidade de comida que peguei. Tinha acabado de comer!

A galera estava ouriçada por causa da chegada. Uns se banhavam e se perfumavam, outros arrumaram as malas e desceram as redes cedo e eu me preparava para o encontro das águas.

Foi lindo! É incrível como a natureza é perfeita, né? As águas não se misturam por nada. O Rio Solimões estava chegando ao fim e dando espaço para o Negro. Ao fundo, a ponte e a cidade que nos esperava.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

O cheiro do asfalto quente nos lembrou que passamos 4 dias distante do cimento e que a única coisa que tínhamos era selva e rio. O ar puro se acabava junto com a viagem de 3 noites por um dos caminhos mais desconhecidos do Brasil.

Travessia de barco de Tabatinga a Manaus

De Manaus seguiríamos ainda para Alter do Chão em mais 2 dias de navegação.

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Travessia Tabatinga Manaus desde Bogotá e Letícia - 4 dias e 3 noites pelo Rio Solimões

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